O Menino e a Garça

Foi um filme muito bom, como sempre, mas bem mais abstrato do que eu esperava, o mais que já fizeram. A questão principal ser a morte e a trajetória da vida, ficou claro para mim desde sempre, mas era necessário ver mais materiais sobre eles, para refletir mais e melhor. Afinal, a certo ponto de qualquer forma, eu me deixei levar naquele sonho idílico e etéreo, mas sendo eu, também não poderia abrir mão totalmente da racionalidade.
Apesar do diretor não gostar das comparações com a Disney, eu como alguém tão imersa nisso, não consegui deixar de achar comparações nos símbolos, ou melhor, com os contos de fadas ocidentais mesmo, Bela e a Fera, Branca de Neve, Alice do País das Maravilhas... Além de é claro as autorreferências, das outras obras do próprio diretor (como a Isabela Boscov bem assinalou) afinal é ao mesmo tempo uma espécie de autobiografia.
Todos os trejeitos do Hayao Miyazaki estão aqui ainda mais fortes, toda a questão dos erros naturais programados! E o fantástico encantador de volta com ainda mais força!
Extremamente abstrato e belo como vários quadros pintados, como uma viagem num museu com suas pinturas (o que confirmei mais com o vídeo do EntrePlanos), o que é ainda mais realçado com o enredo profundamente misterioso, com várias linhas que ficam em aberto, deixando um ar de confusão, por se apresentar sem o sentimentalismo ou clareza padrão e sim um contemplamento e linha onírica de raciocínio.
Dá muito perceber que foi mesmo um tipo muito puro de arte, mais que um artista, um artesão, estando livre para simplesmente fazer o artesanato dele, sem as amarras habituais... (Concordo com a Mikann de como é necessário, ainda mais que os outros, que seja revisto! Discussão inesgotável! E eles todos bem trouxeram sobre os significados por trás, como do próprio nome original...)

Mahito Maki perde a mãe num incêndio de um ataque da Segunda Guerra Mundial e se muda com a nova madrasta, que também é sua tia, Natsuko, de Tóquio para o interior onde o pai, Shoichi Maki, tinha sua fábrica de aviões de guerra, a madrasta inclusive já grávida. Ao chegar na casa ele logo interage com a Garça, depois encontra a Torre, mas vai ouvindo os adultos e tenta se distanciar disso, tentando manter a normalidade ele vai para escola nova, mas não é aceito e bate uma pedra na própria cabeça, o pai rico então fica querendo resolver do jeito tradicional lá dele. A madrasta depois de o salvar da Garça com uma flechada, acaba sumindo e ele então vai atrás com a velha Kiriko, entrando a Torre e achando a Garça que é obrigada pelo criador e chefe do lugar, o tio-avô, a guiar. Ao entrar no mundo, primeiro ele conhece os Pelicanos que forçam a entrada num túmulo, mas ele é salvo pela jovem kiriko, que vai com ele alimentar os Warawara para eles irem nascer no outro mundo, bichinhos que os pelicanos, que simplesmente foram trazidos para ali como todas aquelas aves, comem para sobreviver; ele segue com a garça depois de consertar o bico flechado e mais tarde acaba continuando com a Himi (que o nome é parecido com Hime, ou seja, princesa) com poderes de fogo, que é nada menos que a mãe dele mais nova, ele quase volta ao mundo original e o pai ainda o avista, mas decide voltar para continuar e concluir sua missão, então vai aprendendo mais sobre aquele lugar místico, até chegar na maternidade onde a madrasta estava, mas aí eles acabam presos pelos Periquitos. Ele sonha ou se encontra com o tio querendo o fazer de sucessor, consegue se soltar graças a Garça e tentam seguir o Rei com a Himi, de qualquer forma depois a passagem se abrem e chegam ao tio, mas o Rei os segue e mexe nas pedras equilibradas que sustentam o mundo, desencadeando o fim do mundo, eles então tem que fugir as pressas, cada um de volta para seu tempo original.
Assim Makito volta com uma pedra também, que permitiria ele lembrar daquele outro lado por um tempo, volta com e para os seus! Agora enfim bem melhor, para seguir...