Escrito por: Pedro Rubens
É curioso pensar que há 10 anos nós não imaginaríamos ter o tipo de qualidade nas produções de filmes e séries que temos. Da mesma forma, é inimaginável os artifícios que teremos ao nosso favor nas futuras produções. Assistir séries das décadas anteriores é uma boa experiência caso você queira entender melhor o curso da história do audiovisual, mas vá com calma…
A convite da plataforma Petra Belas Artes À La Carte, nós do BDS fomos convidados a assistir os dois primeiros episódios da série Ashes to Ashes, produção original BBC e lançada entre 2008 e 2010.
A série acompanha a vida da detetive Alex Drake, que após ser baleada viaja no tempo e passa a solucionar casos e crimes antigos ao mesmo tempo em que tenta entender o que de fato ocasionou a morte precoce de seus pais. Esse acontecimento tem ligação direta com a efervescente onda política de protestos contra a primeira-ministra Margaret Thatcher, “A Dama de Ferro”, em 1981.
Sendo um spin-off de Life on Mars (2006-2007), Ashes to Ashes se utiliza da mesma premissa de voltar ao passado enquanto se encaixa na fórmula procedural de um caso por episódio. Por se tratar de uma produção de mais de uma década, não nos cabe analisar e nem tampouco comentar sob a perspectiva de 2022, então se for assistir lembre-se disso!
A série não traz nada de inovador. Simplesmente foi a reutilização de algo que deu certo, dentro do mesmo canal, e agora aplicado em um contexto diferente. Mas é esse o “segredo do sucesso”!
Ashes to Ashes nos apresenta uma protagonista muito peculiar, cheia de si, com muito caráter e dona de uma personalidade muito forte, espetacularmente vivida pela Keeley Hawes. Dona de um empoderamento indescritível, ao chegar nos anos 80 logo encara seu papel como detetive e não abre mão de ter voz e vez.
O elenco de apoio é tão carismático que ajuda o público a ver com bons olhos seus respectivos personagens, mesmo que na maior parte do tempo estejam sendo escrotos e machistas. Isso, inclusive, é um ótimo ponto a se destacar no roteiro da série, que se utiliza de determinadas situações para adicionar uma dose de exagero e assim fazer uma baita crítica sobre machismo, corrupção e até sobre relacionamentos.
Apenas dois episódios já foram suficientes pra perceber que a série vai ter ação â vontade, mas não espere muita grandiosidade. Tudo é muito sustentado por transação de câmera, efeito prático de bala e explosões, mas mal vemos sangue e nem tampouco a energia que a cena deveria ter.
Possivelmente Ashes to Ashes tenha conseguido tanta audiência e caiu tanto no gosto do público pela forma exagerada de tratar todas as situações, sabendo passear por diversos gêneros como ação, drama, comédia e romance, mas sem perder o fio da meada. Na época do seu lançamento não assisti, mas terminei os dois episódios disposto a terminar a temporada e quiçá ver a série original, Life on Mars.
A primeira temporada estreia hoje no Belas Artes À La Carte com novos episódios toda segunda-feita.
Nota: 8.25