Escrito por Juliana R. Pimentel
Dopesick é a nova minissérie da Hulu, originalmente lançado de outubro a novembro de 2021, que chegará no Brasil exclusivamente através da Star+ amanhã, dia 12 de novembro.
Composta de 8 episódios de 1 hora, o drama é criação do vencedor do Emmy Danny Strong (Empire, Jogos Vorazes: A Esperança) e do vencedor do Oscar Barry Levinson (Rain Man, Bugsy) produzido pela 20th Television e a The Littlefield Company. Danny Strong, criador da mini, atua como produtor executivo e escreveu todos os episódios, que são baseados no livro best seller da jornalista investigativa Beth Macy “Dopesick: Dealers, Doctors, and the Drug Company that Addicted America.”
Como diz o título do livro de Macy, Dopesick conta a pavorosa história da crise de opióides que assola os Estados Unidos até os dias de hoje e que teve sua origem com o altíssimo número de receitamento de narcóticos no fim dos anos 90. Desde 1999 mais de meio milhão de vidas foram perdidas nos EUA por conta de overdoses por opióides e, mesmo atualmente, os números de mortes anuais continua em crescimento.
Dopesick não é sútil em seu tratamento do tema. Sua narrativa, por mais que extremamente pessoal, delicada e sensível no estudo do caso, em momento algum tenta ser algo além da história da crise de opióides causada pela Purdue Pharma no fim do século XX.
Uma história horripilante sobre ganância e corrupção, revolta, perseverança e busca por justiça, sofrimento e destruição, Dopesick não poderia ser contada de outra maneira: a mini brilha ao nos fazer seguir de perto personagens chave no epicentro do que veio a ser uma das maiores causas de morte da maior nação do mundo.
Michael Stuhlbarg (Boardwalk Empire, The Shape of Water) faz Richard Sackler, o ganancioso, corrupto e detestável idealizador da droga OxyContin, droga da gigante familiar Purdue Pharma.
Peter Sarsgaard (The Killing, Shattered Glass), John Hoogenakker (Castle Rock, Jack Ryan) e Rosario Dawson (Rent, Daredevil) interpretam os US Attorneys Rick Mountcastle e Randy Ramseyer e a Agente da DEA Bridget Meyer, persistentes forças que percebem os horrores da droga OxyContin e os crimes da Purdue Pharma e buscam justiça para suas vítimas e combater essa epidemia.
Michael Keaton (Birdman, Spotlight, Batman) e Kaitlyn Dever (Booksmart, Unbelievable) dão o que são, provavelmente, as performances mais devastadoras da série ao retratar as histórias de sofrimento e destruição do Doutor Samuel Finnix e da jovem Betsy Mallum, moradores da pequena cidade mineradora fictícia de Finch Creek.
A série se assemelha à American Crime Story, embora talvez mais densa que qualquer uma de suas três temporadas pela magnitude do caso que narra, e é uma aposta certa para fãs de não-ficção e “true crime.” Produção, direção e atuações impecáveis trazem a vida um roteiro que a princípio pode ser considerado confuso pelas viagens no tempo que fazemos com essa complexa história. Trafegamos por diversos anos no período de 1996 a 2005 ao acompanharmos as diversas vertentes dessa história, como a idealização da OxyContin nos interiores da Purdue Pharma, a propagação dessa droga pelos representantes farmacêuticos, peões dessa empresa bilionária, a crença dos médicos que confiam nos dados e na palavra da FDA e receitam esse medicamento para seus pacientes, as consequências dessas drogas nos indivíduos e comunidades que a consomem, e o progresso das investigações de Meyer e posteriormente de Mountcastle e Ramsayer conforme eles descobrem atrocidades atrás de atrocidades cometidas por lucro às custas de vidas.
Dopesick é uma dramática e cruel história sobre a ganância de bilionários, corrupção e marketing, os males e consequências de narcóticos em indivíduos e comunidades, pessoas comuns que ignoram as consequências de suas ações em busca da auto-preservação e pessoas que esquecem de se auto preservar ao tentar provar que até gigantes corporativas precisam sofrer consequências por suas ações.
Nota: 9.0