Escrito por: Pedro Rubens
É unânime a concepção de que sempre haverá público para todos os gêneros de produção, seja televisivo ou cinematográfico. O terror é daqueles gêneros já consolidados, com espectadores fiéis e atentos ao que será produzido dentro desse âmbito. Porém, não é de hoje a necessidade de renovação desse gênero, afinal nem só de jumpscare ele se mantém...
SurrealEstate conta a história de Nick, um corretor de imóveis que junto com sua equipe atua não apenas no ramo imobiliário mas também na resolução de casos sobrenaturais. A série tem uma aura espectral, talvez pelo design de produção que se baseia nos aspectos característicos do terror e se utiliza de uma fotografia apática para evidenciar o gênero no qual está inserido.
O time de corretores de imóveis, muito bem formado diga-se de passagem, sabe assumir a característica séria quando há a necessidade mas estão constantemente quebrando o clima tenso com um humor que às vezes aparenta entrar em choque com aquilo que o show propõe ao público, tendo em vista que há uma certa opressão forçada durante todo o episódio levando o público a crer que sempre há algo de errado.
Sendo uma característica evidente do terror, o episódio tenta fisgar o público com o famoso jumpscare, se utilizando muito bem da trilha a seu favor mesmo que sejam apenas mais repetições daquilo que já estamos tão acostumados a ver em diversas outras produções. E talvez aqui habite a necessidade de renovo...
Na tentativa de abraçar as benéfices do gênero, a série segue a via oposta e perde força ao entregar um episódio piloto preguiçoso por não inovar em momento algum, com resoluções entregues rapidamente, de forma simples e monótona, abrindo mão de um possível aprofundamento nos casos apresentados mas segurando o público para o próximo episódio com um cliffhanger.
Por mais que a série se enquadre como um show de terror, ainda assim é fundamental uma mudança no tom que abra mão dos sustos forçados e das caracterizações estranhas, assumindo assim um papel mais maduro onde a história cause arrepios e choque sem forçar nada, dispensando a necessidade de entregar algo visual como forma de apelo para que as pessoas sintam o medo daqueles que estão vivenciando a situação na tela.
Diversas outras séries são dignas de citação sobre como se utilizar dos artifícios desse gênero de uma maneira que não force o público a sustos constantes, mas em específico faço menção a Penny Dreadful, série de 2014 do canal Showtime, que durante 3 temporadas soube manter o altíssimo nível no arco da protagonista bem como dos personagens secundários e cativando o público com uma grandiosa narrativa de terror.
Por outro lado, se você é daquele espectador que não se importa quando as séries simplesmente fazem algo por fazer e assiste produções do gênero na expectativa de levar alguns sustos ou tentando se envolver com os casos assombrosos, SurrealEstate é uma série que talvez lhe entretenha.
Nota: 7.5