Escrito por: Pedro Rubens
O público de adaptações literárias é muito bem dividido: ou você faz parte do grupo que só assiste após ler a obra original, ou faz parte do grupo que não se importa com isso e assiste, deixando em aberto a possibilidade de querer ler a obra posteriormente. Sweet Tooth, nova aposta da Netflix, adapta as HQs de Jeff Lemire lançadas entre 2009 e 2013 pela DC, e essa review não tem nenhuma base nas histórias em quadrinhos, o único embasamento vem dos 8 episódios da série.
Ambientada num mundo pós apocalíptico, onde um vírus mortal chamado Flagelo assolou a humanidade, acompanhamos a história de Gus (Christian Convery) uma criança híbrida, metade humana e metade cervo, capaz de farejar pessoas vindo a longas distâncias, com audição aguçada e visão noturna. Por ter nascido dessa forma, passou toda a vida escondido na floresta junto com seu pai porque parte da humanidade defende que o surgimento do vírus veio a partir do nascimento dos bebês híbridos e assim tentam caçá-los.
A série é narrada do início ao fim, e por mais que incomode em alguns momentos, no final você já está acostumado e entende que a narração não destoa mas corrobora para o tom da série, muito próximo das road trips, tendo em vista que o protagonista sai em busca da sua mãe passando por diversas situações complicadas e que o obrigam a esconder a sua própria identidade, como criança híbrida, e tentar sobreviver das armadilhas do mundo para além da cerca onde seu pai o criou.
A jornada de Gus é compartilhada por Tommy Jepperd (Nonso Anozie), que segue sendo seu tutor e cria um laço familiar com o protagonista e com sua outra parceira de viagem, Ursa (Stefania Owen), que se chama dessa forma por montar um exército que luta em prol dos híbridos, mesmo não sendo um. Essa é mais uma daquelas famílias disfuncionais apresentadas em séries, mas que reduzem as diferenças a nada e se complementam.
A série é produzida pela Team Downey, produtora criada por Robert Downey Jr. junto com sua esposa Susan Downey, e produzir uma adaptação da DC fez com que diversos veículos repercutissem que o ator estava indo para a principal concorrente da Marvel, tendo em vista que o mesmo é facilmente reconhecido pelo seu papel na Marvel Studios como o icônico Homem de Ferro.
No que diz respeito a produção, Sweet Tooth está muito bem produzida e por mais que algumas decisões estejam à beira do clichê, não deixam a desejar porque desde o início não se compromete a ser uma série com grandes plots e isso fica evidente desde o primeiro episódio. Quanto à rivalidade Marvel-DC e o envolvimento de Robert Downey Jr. em ambas, fica aqui a lição de que isso não passa de algo criado na cabeça dos fãs e que há espaço para todos!
A história de Sweet Tooth não traz nenhuma nova alegoria, nem tampouco cria um novo enredo, a maior parte daquilo que é apresentado na série já pode ser visto em tantas outras adaptações, mas o que faz a série funcionar muito bem é o carisma do protagonista, que lhe deixa com a sensação de querer vê-lo em cena mais e mais vezes.
Diante da atual situação em que estamos enfrentando, Sweet Tooth é o abraço quentinho que precisamos, Gus inspira esperança e nos agracia com a certeza de que mesmo que as coisas não estejam bem sempre haverá algo de belo no mundo, seja aproveitando uma barra de chocolate ou simplesmente brincando de olhar para o horizonte e experimentar a grandiosidade da natureza e encontrar nela esperança de dias melhores.
Nota: 8,56
SÉRIE PERFEITA
|
0 0 0 |