Monster: Dahmer - The Jeffrey Dahmer Story by Felipe

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Monster: Dahmer - The Jeffrey Dahmer Story By Felipe

Episodio 1x1 - Nota 9 2022-09-21 19:57:13

Fiquei surpreso pela série começar já narrando a queda do Jeffrey Dahmer, como ele foi descoberto e preso. Acho que foi uma decisão interessante, deve seguir uma narrativa “de trás pra frente” semelhante a The Assassination of Gianni Versace, talvez...

E que tensão da porra, fiquei o tempo todo apreensivo pelo rapaz que acabou entrando no apartamento do Dahmer, torcendo pra ele descer o cacete em cima desse assassino e assim conseguir escapar. Quando ele foi em direção à porta naquele desespero todo... Por um instante, eu achei que ele seria morto pelos policiais que o encontraram, ainda mais quando o viram algemado. A gente pode esperar tudo.

Eu não tenho nem palavras pra descrição dos investigadores sobre tudo o que eles encontraram no apartamento. Gente... Dahmer não fazia o mínimo esforço pra encobrir os rastros, partes de corpos na geladeira, ossos em gavetas, um barril com ácido dissolvendo corpos. Minha nossa... E é muito frustrante saber que os vizinhos notaram que tinha algo errado e que tentaram fazer algo, chamaram a polícia, mas foram simplesmente ignorados... Que absurdo.

Evan Peters vem sedento pra mais um Emmy. E adorei que o Richard Jenkins tá no elenco também. Ele é um ator irretocável, só a cena da reação do pai do Jeffrey na delegacia já foi muito poderosa.

Episodio 1x2 - Nota 9 2022-09-21 20:08:38

Já tô muito familiarizado com esse tipo de narrativa vindo do Ryan Murphy, e adoro. Pra mim não incomoda nada as ambientações temporais diferentes em um mesmo episódio, sem seguir uma linha linear.

Episódio passado eu já tinha ficado frustrado com a revelação de que a vizinha fez chamadas à polícia comunicando algo estranho com o Dahmer por pelo menos um ano, mas esse aqui me revoltou ainda mais. Sério, o pobre do menino conseguiu sair do apartamento com muita dificuldade, encontrou alguma ajuda e ainda assim foi basicamente escoltado de volta pro apartamento de seu algoz por policiais incompetentes, despreparados e preconceituosos. É surreal pensar que um deles esteve a menos de dois metros de um corpo simplesmente jogado no chão, no quarto do cara, e passou batido por ele por medo de se “contaminar”. E eles falavam isso na cara dura. Sentiram cheiro estranho, e não tinha NADA que realmente provasse que o menino morava ali, que era namorado dele mesmo, ou que tinha 19 anos...

No final, a gravação da ligação que a Glenda fez ainda me destroçou mais. O policial atribuindo tudo à homossexualidade dos envolvidos, ignorando as indagações e preocupação da VIZINHA do cara... Pelo amor de Deus.

BTW: o Evan Peters com aquelas lentes de contato ficou bizarramente assustador.

Lionel Dahmer incapaz de ter uma conversa honesta com o filho. Quando o mesmo pergunta se os pais vão se divorciar, ele prefere deixar a garagem. Quanta negligência.

Episodio 1x3 - Nota 9 2022-09-22 20:03:33

A série mostrando como o privilégio branco foi um grande aliado de Jeffrey Dahmer em seu rastro de terror. Ele foi parado por policiais que sentiram cheiro forte de bebida, que notaram sacos de plástico na parte de trás do veículo, e ainda assim foi liberado sem grandes questionamentos, sem uma averiguação, sem nada... Porque ele tinha 18 anos, o policial não ia foder com a vida dele. Mas e se ele não fosse branco? Será que esse tratamento teria sido o mesmo?

Acho bom que a série realmente não tá aliviando em NADA pro lado do Dahmer, ao mesmo tempo que aborda as questões familiares e a negligência a qual ele sempre foi submetido, pra tentar explicar suas patologias. Pelo que vimos até agora a mãe nunca ligou muito pra ele, não seria diferente após o divórcio... E o pai só conseguia isso através da dissecação de animais, a única atividade que eles exerciam juntos e ainda assim, sempre houve relutância por parte dele, por achar que algo no garoto não era normal. Mas nada nunca foi feito em relação a isso também...

Dahmer destruindo os ossos e subindo no telhado da casa pra espalhar os pedaços pelo quintal... Cada vez mais assustador. E o Evan Peters segue irretocável.

Episodio 1x4 - Nota 9 2022-09-22 20:15:05

Falei sobre o privilégio branco no episódio passado e hoje ele voltou a dar às caras na questão do motel... Jeffrey dopou e largou vários homens no quarto que ele alugava por diversas vezes e mesmo quando o gerente/proprietário se prestou a denunciar, NADA aconteceu. Cara... Eu fico realmente impressionado com a incompetência desses policiais de averiguar de forma apropriada. Jeffrey Dahmer não era desses psicopatas inteligentes, calculistas, que apagava rastros... Muito pelo contrário – pelo menos na minha percepção, até esse episódio. Mas a polícia muitas vezes agiu de um jeito burro e controverso diante de coisas muito suspeitas.

Fiquei enojado demais com a cena do Dahmer bebendo o sangue. E essa sequência final foi toda angustiante e frustrante. Porra, mesmo drogado (ele era tão inteligente que teve a proeza de ingerir a bebida batizada por engano), ainda assim ele conseguiu fazer o rapaz tomar outro copo batizado e foi capaz de matá-lo. Monstruoso demais. Depois ele beijando a cabeça decepada e guardando na caixinha que a avó deu... Porra! Tem que ter estômago pra assistir isso...

Sigo adorando o ritmo da narrativa, estão aprofundando tudo muito bem.

Episodio 1x5 - Nota 9 2022-09-23 19:39:54

O pior em constatar as falhas do judiciário em todo o percurso do Dahmer é que esse tipo de coisa acontece até hoje. Em todos os episódios eu termino com uma sensação ruim de repulsa e frustração, e nesse aqui, essa cena da audiência sobre o garoto de 14 anos molestado me deixou em um nível de revolta que não dá pra descrever de verdade.

O cara vai e atrai pra dentro de casa um menor de idade, induz essa pessoa a ingerir drogas... Mas o juiz vê em Dahmer o próprio neto, não acha que ele faz “o tipo presidiário”, acredita que ele pode se livrar do vício (como se o problema fosse isso) e dá uma sentença com toda a sensibilidade do mundo, inclusive prometendo omitir dos documentos a razão pelo encarceramento que ele vai ter que cumprir pelo próximo ano. Mas quando o pai da vítima se pronuncia naquele desespero, o juiz com todo o seu racismo o interrompe por supostamente não entender o que ele dizia, e quando o filho do mesmo começa a fazer tradução, ele demonstra impaciência e volta a interromper aquele apelo. Afinal, é irrelevante pra ele.

Dahmer era um monstro que sabia exatamente o que estava fazendo, tinha plena consciência de seus privilégios e escolhia vítimas de acordo com o “grau de importância” diante da sociedade. Quantas vezes ele esteve prestes a ser pego e nada aconteceu por pura ignorância, preconceito e negligência das autoridades? Cara...

Eu fico pensando naquele pai, que estava desolado com a situação que o filho foi submetido, mas que por sorte conseguiu sobreviver. Pouco depois esse mesmo pai viu outro filho não ter a mesma sorte nas mãos desse psicopata. É pesadíssimo.

Fiquei tenso com a avó se impondo daquele jeito quando viu o outro rapaz na casa. Eu não conheço muitos detalhes dos acontecimentos, por um instante achei que ela fosse se tornar uma vítima do Dahmer também. Ela salvou a vida daquele rapaz, e não tinha ideia do horror que aconteceria caso não tivesse decidido ficar na sala com ele...

Episodio 1x6 - Nota 10 2022-09-23 19:51:08

Foi o melhor episódio e o mais impactante até agora – olha que os outros todos foram bem densos e me deixaram pensando muito depois de assistir. Não sei o quão real foi a história do Tony retratada aqui, vi alguns comentários que, pra fins de dramaturgia, optaram pela liberdade criativa pra contar essa parte da história. Mas pra mim, funcionou muito. Foram 60 minutos em que, mesmo sabendo qual seria o destino do Tony, eu me peguei torcendo pra que ele conseguisse sobreviver.

Uma pena uma vida tão promissora, com tantos sonhos, objetivos, ter sido interrompida pelas mãos de um psicopata. Bom que a série tá mostrando que não tinha jeito pro Dahmer. Ele nasceu assim... Ele escolhia as pessoas planejando suas mortes pra prazer próprio e não saía disso até que estivesse feito. O episódio desenvolve uma suposta relação afetiva entre ele e Tony, mas pro Dahmer nunca foi sobre afeto. O prazer dele não vem de um abraço, de um toque carinhoso... Muito longe disso.

Fiquei destroçado com a cena da mãe do Tony relembrando o último diálogo que teve com ele, foi realmente doloroso. E o momento que ela percebeu, ainda na delegacia, que a polícia não faria NADA pra solucionar, pra encontrar o filho dela, por conta da raça... Frustrante demais.

Evan Peters tá tão incrível nesse papel que tô pegando ranço. Se entregou de corpo e alma mesmo, merece todo o reconhecimento possível.

Episodio 1x7 - Nota 9 2022-09-24 17:58:13

Cada episódio é um soco no estômago mesmo... Foi absurdamente surreal o que a Glenda ouviu daquele policial quando reportou um possível assassinato acontecendo no apartamento ao lado: “você pode ir lá ter certeza?”. Claro, ela tá ouvindo gritos, barulhos estranhos há meses de um cara que é todo estranho, com certeza ela iria lá bater na porta pra ter certeza que alguém estava sendo morto. É incompetência, é preconceito, é racismo, e é muito revoltante.

Fico pensando no psicológico da Glenda quando tudo veio à tona, e o episódio foi hábil na tentativa de evocar os sentimentos dela nesse ponto. Afinal, ela ouviu muita coisa perturbadora. Não só gritos como o uso das ferramentas que Dahmer utilizava pra esquartejar as vítimas, o cheiro dos corpos em decomposição misturado com produtos químicos... Por muito tempo ela presenciou essas coisas e fez a parte dela em denunciar, em questionar e apontar que algo errado, algo ruim estava acontecendo ali. E por ser negra, por viver em um bairro largado, foi simplesmente ignorada... Quantas vidas teriam sido poupadas se Glenda fosse vista?

Palmas pra Niecy Nash que fez um trabalho impecável na composição da personagem nesse episódio. Todas as cenas dela foram incríveis, especialmente aquela em que teve o Dahmer dentro de seu apartamento tentando intimidá-la. E mesmo aterrorizada, ela não se permitiu demonstrar isso. Destaque também para a cena final, quando ela desabafa e chora nos braços do reverendo por finalmente ter sido ouvida. Quem dera tivessem dado essa atenção antes...

Episodio 1x8 - Nota 9 2022-09-24 18:12:55

Pra mim é impossível não ficar sensibilizado com a situação de ambos os pais do Dahmer. Esse episódio me deixou entristecido MESMO, principalmente pelo Lionel tentando encontrar algum responsável para os atos monstruosos do filho e no fim decidindo pegar a culpa toda pra si, por supostamente “ter tido pensamentos semelhantes” no passado, por ter apresentado o filho à taxidermia. Ele foi mesmo um pai ausente, tinha problemas com a esposa e não conseguia se conectar com Dahmer de nenhuma forma que não fosse por esse “hobby” em comum. Ele não conseguia ter nem ao menos uma conversa inteira com o filho... Na verdade, ele nunca conseguiu.

Mas Jeffrey Dahmer era um psicopata, ele nasceu assim. Talvez essa negligência familiar tenha tido algum papel no desenvolvimento das patologias dele, mas de um jeito ou de outro elas sempre estiveram lá e sempre deram sinais. E é sempre importante dizer que ter uma infância complicada não justifica a pessoa sair seduzindo, matando, esquartejando e comendo suas vítimas por aí...

Lionel ficou tão perturbado que achou que àquela altura ele ainda poderia fazer algo pra compensar... Sério, não senti raiva realmente, mas pena, diante da imagem de um homem desesperado por saber que falhou como pai. Que não conseguia aceitar que aquele fosse o comportamento “normal” de alguém que tem os genes dele. Ou que aquelas mortes tão cruéis pudessem ser resultado de seu distanciamento emocional para com o filho.

As cenas do julgamento foram boas, e fiquei com os olhos marejados com todos os depoimentos dos familiares. A mãe do Tony me destroçou mais uma vez. E aquela que é irmã de uma das vítimas, enfurecida... A atriz evocou bem o sentimento de ódio que esse momento exigia.

No mais: nenhuma surpresa pelos policiais que sentenciaram o garoto de 14 anos à morte ao permitir o retorno do mesmo ao apartamento do Dahmer, tenham sido “inocentados” e foram reintegrados ao trabalho. Dá mais raiva ainda por ver que na hora da suspensão, eles ainda tripudiaram em cima disso pro delegado. Mas né, essa ainda é uma realidade dos anos 2020. Imagine nos anos 90.

Episodio 1x9 - Nota 8.5 2022-09-25 19:36:06

Mulher negra liga 50 vezes pra polícia comunicando agressões, gritos, possíveis assassinatos. Policiais: “pode ir lá ter certeza que alguém está sendo morto?”, e nunca aparecem pra averiguar. Homem branco mimado faz denúncia sobre câmera quebrada. Policiais: aparecem imediatamente com ordem de prisão contra a mulher negra.

Pior do que isso foi ver que os dois desgraçados que sentenciaram o garoto de 14 anos à morte, receberam prêmios de honrarias... Eu só não entendi o motivo disso. Por que eles foram homenageados? Além dessa cena que já foi nauseante por si só, constatar (pelo menos aqui na série, não sei se foi verídico mesmo) de que eles estavam fazendo ligações pra família do garoto que eles escoltaram de volta para os braços do Dahmer, com todas aquelas ameaças, preconceito... PORRA. Existe todo tipo de gente mesmo. Não basta aquela família ter que lidar com a dor de uma perda dessas, tão cruel, ainda tinham que ouvir gente tripudiando em cima disso.

Nem me choca que Dahmer tenha ganhado fãs. Que tinha outras loucas e loucos mandando cartas pra ele, mandando até dinheiro, celebrando seus atos tenebrosos... Isso já se tornou banal.

Lionel e a esposa ficando surpresos pelas famílias reivindicarem até centavos... Me poupe. É o mínimo. Principalmente em relação aos lucros do livro. Acho que é ok ele escrever sobre, como pai, contar a versão dele da história... Mas querer ganhar dinheiro sozinho em cima do sofrimento de pessoas que perderam entes queridos de um jeito brutal? Pelo amor, vontade de dar um sacode neles.

Episodio 1x10 - Nota 9 2022-09-25 19:53:13

O sistema como um todo é muito sujo, corrupto, e serve a quem tem poder. A morte do Dahmer por si só escancara isso muito bem. O condenado que o matou não é nenhum “herói” e não deve ser “louvado” por isso. Um assassino condenado com uma condição psicológica em tratamento. Os guardas se aproveitaram disso, do fanatismo do cara, pra dar um fim no outro porque eles assim desejaram.

Eu não acho que a série romantizou Jeffrey Dahmer em momento algum. Eles deram um mergulho preciso na história, mostrando que assim como ele foi negligenciado desde a infância por ambos os pais, seus traços psicopatas sempre estiveram presentes dando sinais. Não foi o abandono da mãe, o distanciamento do pai, que fez com que ele desenvolvesse a “compulsão” e o “prazer” em tirar a vida de outras pessoas como fazia. Como comentei anteriormente, talvez isso tenha tido uma parcela de contribuição no desenvolvimento, mas a patologia sempre esteve lá, se manifestando aos poucos. Além disso, o roteiro aqui foi muito hábil desenhando a história do assassino fazendo conexão com racismo e homofobia, mostrando em detalhes como o privilégio branco foi um aliado incontestável na jornada de terror, que durou mais de uma década, que o assassino percorreu. Em meio a isso tudo, ainda deu espaço sentimental forte para as pessoas que foram afetadas pelos crimes, desde a vizinha que ouvia os ataques e foi ignorada, até a família das vítimas – isso na minha percepção.

Eu conhecia Dahmer por alto, nunca tinha parado pra ler sobre ele, nunca tinha visto vídeos... Então a minissérie foi importantíssima pra me fazer conhecer e entender mais sobre tudo isso. E pra mim, foi um trabalho excepcional. Vi algumas pessoas reclamando da quantidade de episódios, mas acho que teve o que deveria ter, e mesmo com uma narrativa densa, muito pesada e sufocante, os episódios não me cansaram. Acho que o Ryan e sua equipe sabem bem como conduzir esse tipo de conteúdo true crime, e aqui acertaram mais uma vez com um roteiro afiado, fotografia impecável e atuações irretocáveis. Vou me surpreender muito se Evan Peters não for no mínimo indicado nas grandes premiações. Ele disse que foi o trabalho mais difícil da carreira e não é pra menos, foi uma das interpretações mais marcantes que já vi em séries. Richard Jenkins e Niecy Nash também deram o nome com muita força em suas composições.

Uma das melhores produções do ano, de longe.

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Felipe