Alice in Borderland (2020) by LucaSP

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Alice in Borderland (2020) By LucaSP

Episodio 1x1 - Nota 8.5 2022-04-24 13:07:51

Piloto muito bom. O início introduz muito bem três personagens um tanto perdidos no que fazer da vida, que não a levam muito a sério e só pensam em como se divertir. A partir de quando todos somem, eles acabam não achando a situação tão ruim, afinal não existiria mais ninguém para cobrá-los. O jogo, nesse sentido, aparece quase como uma punição para eles. Ao mesmo tempo que eles vão poder se manter ocupados com algum "passatempo", eles também são cobrados tendo que fazer isso pela própria vida. Pior, estão presos ali, só querendo voltar para a antiga vida que eles tanto tentavam fugir.

Gostei muito do ritmo. Teve um bom timing para apresentar os personagens, mostrar eles na cidade vazia, introduzir o jogo e partir para a ação. Muito tensas as sequências na salas, com eles inicialmente jogando na sorte e depois decifrando a estratégia. O final também deixa um bom gancho, com o fato de haver mais jogadores. Intrigado para ver como explicarão isso.

Episodio 1x3 - Nota 9 2022-04-24 21:21:57

Eu não tinha esperanças que Chota e Karube ficariam vivos por muito tempo. Ambos estavam machucados e de certa forma eram um empecilho para o protagonista, afinal eram as únicas pessoas que ele se importava dentro do jogo, logo ele jogava pelos três. Porém, foi muito chocante esse episódio inteiro.

Invertendo as expectativas, Arisu não encontrou a resposta na última hora, aliás nunca o episódio sequer cogita a possibilidade de haver uma chance dos três sobreviverem. A narrativa trata do luto de uma forma sufocante, onde os amigos percebem que, no melhor dos casos, só um deles vai sair vivo e aos poucos vão aceitando que não podem viver sem o outro, já que é a amizade deles que dá forças aos três. O que era para ser uma pegadinha - o fato dos cordeiros se esconderem do lobo - vira realidade de uma forma emocionante. Fiquei curioso para ver o que será que motivará Arisu daqui para frente, já que ele não tem casa, a família não quer saber dele e perdeu os amigos. Espero que não partam para o clichê de vingança.

Um detalhe interessante é como o jogo anterior não poderia ser vencido sozinho. Mesmo no papel de caçador, exigia duas pessoas cooperando juntas. Este é exatamente o contrário. Há um efeito decorrente disso que é os jogadores não podem formar alianças duradouras, afinal podem cair em uma competição um contra o outro, porém é necessário depositar a confiança em completos desconhecidos dependendo do jogo. Intrigado em como a série trabalhará essa dualidade.

Episodio 1x7 - Nota 8.5 2022-04-25 14:55:12

É um tanto óbvio que Arisu, como protagonista, tem uma certa imunidade a morte. Usagi, contraparte dele, idem. Não quer dizer que eles nunca correm risco de morrer, mas que se isso acontecer não será em um episódio no meio da temporada. Dessa forma, é excelente o modo como a série se aprofunda até mesmo nas personagens mais secundárias, dando oportunidade para o público se afeiçoar a elas.

Ninguém está ali para preencher uma cota de mortos - tirando os figurantes, o que não poderia ser diferente. Há uma preocupação em trabalhar motivações nelas, um passado que justifique a postura delas no presente durante o jogo, alguma coisa que o público possa visualizar como sendo uma pessoa real e não um cadáver esperando para ser abatido. Além disso, há uma preocupação em criar familiaridade com certas figuras, como o cara de boné que eu já me surpreendi por não terem se livrado ainda no jogo do prédio e novamente volta a receber certa atenção aqui. Sendo assim, há muita coisa interessante acontecendo adjacente ao protagonista e acaba tirando a sensação de obviedade na obra, afinal os secundários podem (e alguns vão) morrer.

Uma única crítica que eu tenho é que, apesar de vários ali terem participado de inúmeros jogos, raciocínio lógico parece ser limitado apenas a três pessoas - o cara de capuz, a perita e Arisu. Era óbvio que alguém sugeriria uma carnificina não percebendo que essa estratégia é incrivelmente estúpida em vários pontos. 1) Reduz desnecessariamente o número de cabeças que poderia resolver a charada; 2) A bruxa pode se disfarçar entre a milícia; 3) O tempo que demanda em caçar cada pessoa, arrastar o corpo e tacar na fogueira é incrivelmente alto e dá a oportunidade dá verdadeira bruxa simplesmente se esconder enquanto o massacre rola; 4) Enquanto as pessoas estão preocupadas fugindo (ou caçando), não estão pensando na resolução do problema; 5) Sempre há uma pegadinha por trás que está além da superfície - era esperado que qualquer pessoa que já participou de um jogo percebesse isso. Da mesma forma, era igualmente previsível que Arisu seria quem mataria a charada, mesmo nem participando do jogo - as inscrições acabaram ele ainda estava preso.

Episodio 2x2 - Nota 8 2022-12-22 12:26:25

O episódio mesmo focando inteiramente numa prova conseguiu ser bem tenso e dinâmico. As sequências de ação foram muito bem feitas, com destaque para a perseguição a Usagi. também gostei que deram uma personalidade a banda que não simplesmente inimigos frios que estão ali para serem os malvados da narrativa. Legal os momentos como eles lamentando a perda do amigo e também mostrando eles discutindo estratégia.

O que não curti tanto foi a previsibilidade do roteiro. Equipe desafiante começa na frente, levam uma virada significativa, bolam um plano para o contra-ataque, algo dá errado, entram em desespero e termina o episódio nesse clima de incerteza. Não seria uma fórmula ruim para se seguir, mas, para ela ser possível, emburreceram as personagens. Para que deixar Tatta, com mais de 10.000 pontos, guardando a base nesse final? Se ele estivesse junto com os demais seria 4x3. Impossível não conseguir mais 10.000 pontos nisso. Outro momento: quando Arisu é cercado por dois no contêiner, se ele tivesse encostado na garota - a única que tinha menos de 10.000 pontos - teria ganhado mais 500 pontos e ficado inativo assim não poderia ser encostado pelo rei de paus. Porém, ele só lembra que essa mecânica pode ser usada na hora de bolar um plano, o que é conveniente demais.

Também revirei os olhos com a necessidade de estabelecer um clima entre Usagi e Arisu com os demais comentando que existe algo entre eles. Tem algo mais didático, em um roteiro, que terceiros comentando o que dois personagens estão sentindo?

Episodio 2x3 - Nota 8.5 2022-12-22 13:53:47

Sobre o sacrifício do Tatta, completamente desnecessário. O rei de paus tava literalmente sozinho. Era mais fácil emboscá-lo em dupla do que enganar ele para apertar a mão de alguém. No entanto, essa decisão faz sentido com o objetivo dessa prova em mostrar que nem sempre o protagonista vai conseguir usar o cérebro e jogar de maneira segura. Os desafios estão mais difícil e ele não pode ficar com medo de ter algo a perder.

A segunda metade do episódio, no entanto, foi muito mais interessante. Primeiro, obviamente Arisu não poderia participar de todos os jogos, então é legal ver um que ele não está inserido, até porque isso torna menos previsível o resultado final. Segundo, os jogos de copas são os mais tensos e os que mais é intrigante acompanhar o desenrolar, pois revelam muito do comportamento humano. A dinâmica que adotaram aqui foi muito boa, mostrando como na sociedade há pessoas que tentam tomar a liderança disseminando insegurança nos demais - ou na forma de intimidação, caso do primeiro cara a morrer. Terceiro e finalmente, quero ver como Chishiya vai sobreviver dessa. É um personagem que ainda não teve um momento nos holofotes até então.

Episodio 2x8 - Nota 9 2022-12-22 22:24:17

Eu tive lá meus problemas com essa temporada, em especial com as conveniências do roteiro e os jogos que não tiveram a mesma emoção que os da primeira temporada transmitiram - seja suspense, tensão ou um apego aos personagens. No entanto, esse final foi excelente e acima de qualquer expectativa.

Alice in Borderland é nada mais que uma reimaginação atual de Alice's Adventures in Wonderland e esse final leva a essência disso ao pé da letra. Há referências mais óbvias, como o confronto final sendo um jogo de criquete com a rainha de copas. Há referências a teorias populares, como tudo se passando num sanatório e Arisu usando o fantasioso para enfrentar um trauma do mundo real. E há uma ligação temática.

Alice é um conto de uma garota lidando com a passagem da infância para a vida adulta. Todos as esquisitices que ela vê os adultos fazendo, as regras que eles seguem fielmente, a justiça que é injusta. Todos temas que são vistos de uma forma ou outra durante o seriado. Arisu não é uma criança, mas ele está preso nessa fase que transita para a vida adulta. Ele não tem emprego, não vai nas entrevistas, só se interessa por jogos de videogame e leva um baque quando tem que lidar com esse mundo fantasioso que poderia ser um paraíso para ele (jogos infinitos) mas é um pesadelo pelo fato de ser para valer. Assim como Alice, Arisu precisa crescer e essa é a jornada dele como protagonista.

Muito interessante esse final onde os que sobreviveram ganham uma nova chance para fazerem escolhas diferentes. Tudo não se passou de um delírio, uma fantasia. Resta agora eles encararem a realidade.

Eu interpretei esse final com o joker com uma espécie de duplo sentido. Tudo não passa de mais um jogo para as personagens vencerem ou uma pegadinha com o público para deixá-lo em dúvida se todos voltaram para o mundo real ou não. Sinceramente, por mim, pode acabar por aqui. Nem todas séries precisam de inúmeras temporadas e essa daqui conseguiu contar uma excelente história nas duas que teve.

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LucaSP