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Gilmore Girls: A Year In The Life By Felipe





Episodio 1x1 - Nota 9 2016-11-25 20:09:02

Apareceu o logo da Netflix, em seguida o da Warner, e eu fiquei mais arrepiado do que já estava. Aí fazem um “flashback” com as falas marcates dos personagens no decorrer da série clássica e abrem A Year in the Life com a câmera se aproximando de uma sorridente Lorelai, felicíssima com o inverno. Tem como segurar as lágrimas como algo assim? Não tem.

Terminei minha maratona das meninas Gilmore há três meses, mas já estava sentindo como se fossem anos. Esse reencontro era tão aguardado que até me faltam palavras para descrever tamanha perfeição. Rever Lorelai, Rory, Luke e claro, todos os outros personagens de Stars Hollow – que continua a mesma coisa linda de sempre. É uma emoção que vai além de mim.

Mas vamos aos fatos: sabia que a morte do Richard ia me destroçar e não me aguentei com os flashbacks da despedida. Emily é tão forte, mas fisicamente parece tão frágil. A cena em que discutiu ferozmente com a Lorelai após o fechame da “melhor história com o Richard” foi forte e dolorosa. E claro, no momento em que diz que metade dela se foi e que não sabe mais como seguir em frente. Iniminagável. Espero que ela e Lorelai consigam se entender definitivamente, aliás.

Levei um susto com a Rory namorando o tal do Paul e literalmente esquecendo a existência dele o tempo todo. Dei um grito quando Logan surgiu com a revelação de que eles estão juntos, mas fiquei chateado porque ambos estão traindo. Na parte do romance, se for pra ela ficar com alguém, prefiro mil vezes que seja com ele – então já espero o término desse namoro com a menina que mora em outro país. Mas acho bom essa temporada focar na vida profissional dela acima de tudo.

LUKE OFERECENDO WI-FI??? Outro susto HAHAHAHAHAHAHA. Adorei a nova placa de proibido no restaurante. E concordo plenamente em relação aos fones: se consigo ouvir a música através deles, por que a pessoa usa fones então???

Eu não queria assistir rápido porque são só quatro episódios (mesmo que estendidos) e não quero que acabe. Mas é maior que eu. De uma coisa estou certo: irei rever esses mini filmes incansavelmente daqui pra frente.

Episodio 1x1 - Nota 9 2016-11-26 12:49:54

Por via das dúvidas, editei!

Episodio 1x1 - Nota 9 2016-11-28 10:09:53

HAHAHAHAHAHA certo! :D

Episodio 1x1 - Nota 9 2021-12-07 13:53:10

Parece que nunca saímos de Stars Hollow. Isso talvez seja uma declaração fácil de fazer quando você está maratonando Gilmore Girls do início ao fim, ao invés de ter que esperar uma década entre o final da 7ª temporada e “A year in the life”, mas há um sentido notável de continuidade entre a reverência final da série e sua abertura revivificada. Dez anos se passaram e isso é notável. Todo mundo tem algumas rugas em seus rostos, cabelos grisalhos ou voz embargada. Todos estão em lugares ligeiramente diferentes de quando os deixamos. E em alguns pontos, você pode ver os atores se esforçando para recapturar os velhos ritmos de diálogo que estávamos tão acostumados. A alma de Gilmore Girls continua aqui, na velocidade, nas referências culturais (e mais uma vez contemporâneas) e na mistura de comédia e drama penetrantes que foram o seu forte em sua exibição original. “A year in the life” é totalmente reconhecível como a série que conhecemos e amamos em “Winter”, e depois de dez anos, isso é uma conquista e tanto.

Cada uma das Gilmore girls está em algum lugar familiar, mas diferente. Rory se tornou a repórter itinerante que sempre sonhou ser, mas também parece sem raízes e ainda um pouco ingênua. Lorelai ainda mora no mesmo lugar e administra o Dragonfly Inn, mas agora está praticamente casada com Luke e se perguntando se está se agarrando muito ao passado e à sua maneira de fazer as coisas. E Emily ainda está na casa da família Gilmore, mas Richard, depois de dois sustos médicos, agora não está mais com ela. Ela é uma viúva que conseguiu manter o mesmo feito por pelo menos quatro meses, até se digna a usar jeans.

Essa é a beleza de “Winter”. Cada uma continua sendo si mesma, ao mesmo tempo que se mostram diferentes. O episódio se apoia fortemente na relação Lorelai-Emily que sempre foi a parte mais complicada e forte da série – e a minha favorita. Lorelai é o inaladora de café bem-sucedida, peculiar e inteligente que conhecemos e amamos, mas ela também é auto reflexiva, presa em preservar as coisas como elas estavam e se perguntando se ela (ou Luke) queria algo diferente que se perdeu no caminho. E Emily está perdida, tendo sido esposa por cinquenta anos de um homem que representou metade de sua vida, agora se descobrindo uma viúva que não parece ser ela mesma sem Richard ali pra equilibrar as coisas.

No meio delas está Rory, que tem uma parte menor desse episódio. O arco dela é principalmente as ligeiras provocações e brincadeiras com a mãe, ou dar sugestões de ideias que presumivelmente acontecerão no restante dessa minissérie. Ela está constantemente esquecendo do namorado universalmente esquecível, Paul, que é mais uma piada do que um personagem real (o que torna mais fácil tolerar a forma objetivamente horrível como todos o tratam). Ela está ficando com Logan (trabalhando para a empresa de seu pai em Londres?) em paralelo. E ela está co-escrevendo um livro de memórias para um magnata excêntrico com uma reputação difícil. Nenhuma dessas coisas realmente vai pra frente em “Winter”, mas é o suficiente pra apontar pra coisas que estão por vir e tirar a Rory da mesmice de sempre.

Falando da mesmice, “Winter” traz de volta muito da cor da cidade que era uma constante em Gilmore Girls. Kirk segue fazendo seus truques habituais com seu malfadado negócio de caronas “Ooober”, e isso o deixa cara a cara com Emily, o que pra mim foi um ótimo alívio cômico. Taylor está à altura de seus projetos padrão de revitalização da cidade, mas tem um bom momento em que critica os clientes do Luke por usarem a lanchonete como um escritório, e os dois justos encontram um terreno comum. E Gypsy entra em ação com algumas palavras divertidas e bem escolhidas sobre o carro da Lorelai.

O episódio também tem o cuidado de verificar uma série de outros rostos familiares que não perderam nada de seu charme e são esperados. Michel está casado e solto, e suas farpas são engraçadas como sempre. Lane e Zack ainda estão casados, e a banda ainda se junta pra tocar quando todos arranjam um tempinho, com Zack parecendo o cara barrigudo e agora beirando a meia-idade que ele é, Brian ficando no quarto de hóspedes e Lane ainda sabendo lidar com uma bateria. Da mesma forma, Paris está se divorciando de Doyle, o que é um pouco triste, considerando a cena linda que eles protagonizaram na série original quando ela decidiu terminar, mas ela segue a Paris hilária e pontuada de sempre, e existe algo encorajador sobre o quão comprometida ela é pra ajudar a Lorelai com suas necessidades de barriga de aluguel, já que a considera uma segunda mãe. Suas rebatidas afiadas e sua sagacidade ácida ainda estão à todo vapor, e é bom ver Paris tendo sucesso e, novamente, parecer tão reconhecível como a mesma personagem que deixamos na 7ª temporada.

Mas a essência do episódio está, como sempre acontecia com Gilmore Girls, na relação Emily-Lorelai. A parte mais forte de “Winter” vem no flashback do funeral de Richard, onde todos acabam um pouco bêbados, um pouco mais nervosos e emocionalmente vulneráveis ao lidar com aquela perda monumental. Isso dá ao público a chance de lamentar por Richard (e Edward Hermann), de ver o breve, mas charmoso retorno do Jason, e de testemunhar o complexo relacionamento mãe-filha trazido à tona uma vez mais pela morte do patriarca Gilmore.

Isso decorre da incapacidade da Lorelai de contar uma boa história sobre o pai, quando colocada na berlinda por Emily pra oferecer uma lembrança afetuosa. Em um momento em que todos já estão sensíveis, isso abre velhas feridas. Isso faz com que Emily ofereça as velhas recriminações: que Lorelai odeia a família, que ela não se importa com seu legado, que ela só se preocupa com o que quer e não se preocupa com os desejos de outras pessoas. E Lorelai, em um lugar sensível no momento, responde com dor e recua, mas começa a se perguntar se há um fundo de verdade no que sua mãe está sugerindo. E então, quando as vemos nos dias atuais, cada uma ainda está se recuperando dessa grande ausência e o que isso significa, e cada uma leva a outra a sério. Lorelai pergunta a Luke se ele queria filhos e, ao mesmo tempo, parece ter dificuldade em responder com a perspectiva de mudança e os lembretes da mortalidade que surgem quando um pai morre. E Emily está lendo livros desordenados e não sabe quem está perambulando por sua casa. Ou seja, não se parece tanto assim com a Emily Gilmore.

Mas, no final, ambas admitem que não estão 100% bem e que não ficarão bem por um tempo, e cada uma coloca uma “pausa” no desenraizamento e a reconstrução de suas vidas enquanto ainda processam a perda. É uma história que simpatiza com os dois lados. É ótimo o momento quando Emily diz “tudo bem” com um tom de “estou incrivelmente sensibilizada” e Lorelai fica extasiada por sua mãe seguir seu conselho pra consultar um terapeuta. O relacionamento Emily-Lorelai está sempre sendo destruído e reconstruído, fiel ao modo como os relacionamentos complicados da vida real nunca se estabelecem totalmente, mas, em vez disso, vivem de altos e baixos, e dependem do cuidado genuíno entre as pessoas pra persistir, florescer e até mesmo aquecer o coração quando as coisas vão indo bem.

Gilmore Girls foi uma série que soube explorar as partes duras e difíceis dos relacionamentos, mas também soube aquecer o coração na reconstrução e cicatrização das feridas. É difícil recuperar a magia depois de dez anos. Mas “A year in the life” ainda se sente como Gilmore Girls, com suas idas e vindas, sua coleção de personagens cativantes e seu compromisso em explorar as profundezas de um relacionamento que nunca será “consertado”, mas sempre se encontra no caminho pra evoluir.

Episodio 1x2 - Nota 8.5 2016-11-25 20:18:20

Paris segue louca do jeito que a gente ama, né? Quem não ficou um pouquinho balançado quando reencontrou aquele primeiro amor de escola? Ela já concluindo que continuava apaixonada pelo Tristin HAHAHAHAHAHA. Arrasou na escola, morri rindo com as meninas chorando na sala, as outras sendo expulsas do banheiro e caindo no corredor. Paris sempre rende momentos cômicos maravilhosos.

E estamos sentindo de novo o tom real da Amy dentro dos roteiros da série. Como ela trata as situações se espelhando na vida real, e no que acontece – Lorelai dizendo que não teve um último momento com o pai, nem a Emily, e como as últimas palavras dele foram inusitadas e até engraçadas, levando em conta a tragédia. Infelizmente é isso o que acontece mesmo. E o plot da Rory tá sendo conduzido de uma maneira tão brilhante, tô me identificando demais! Todo mundo em algum momento da vida fica se perguntando pra onde está indo, se sente deslocado, não sabe o que está fazendo com a vida. Coisa mais natural.

Por isso, já fico aqui na minha torcida pra ela encontrar seu lugar no mundo. Fiquei com pena e com raiva do que aconteceu naquela empresa que ela foi fazer entrevista no final – parece até que a mocinha queria a entrevista só pelo prazer de dispensá-la. Rory consegue melhor. Quanto ao Logan: eu adoro a relação dos dois e isso é maior que eu. Mas não estou ok com todo o lance de ser “amante”, ainda mais levando em conta como foi ruim pra ela quando fez isso junto com o Dean. Acorda, Rory!

E a Lorelai mentindo sobre a terapia? Fez com que o Luke se chateasse e mentisse sobre o encontro com a Emily. SOCORRO QUE PARECE QUE VEM BOMBA MESMO.

BTW: eu nasci pra ouvir a Lorelai enaltecer o trabalho de Jennifer Lawrence.

Episodio 1x2 - Nota 8.5 2021-12-08 13:55:00

É triste e compreensível que Gilmore Girls não tenha uma ideia firme do que fazer com a Rory nesse episódio. A série original foi em grande parte sobre o crescimento dela, do processo de deixar de ser uma criança pra se tornar uma adulta, e agora que ela tem 32 anos e é adulta há uma década, não dá pra realmente confiar em velhas questões que costumavam alimentar as histórias dela, da mesma forma que dá pra Lorelai.

Tem uma história interessante a ser contada sobre a Rory se debatendo tanto na vida pessoal quanto profissional. No lado profissional, nós a vemos se esforçando pra capitalizar um sucesso passado, indo longe a ponto de pedir um favor do Mitchum Huntzberger, tentando descobrir uma história vazia sobre a GQ, tendo seu projeto de livro fracassando, e até mesmo estragando a entrevista com o site de menor prestígio que estava no ponto de persegui-la. Nada disso é muito atraente e fica difícil entender o motivo. Talvez seja apenas porque realmente não temos uma noção da razão por ela estar falhando. Parte disso é a ideia de que, como de costume, ela não sabe como lidar com o fracasso ou adversidade, e cada nova tentativa cheira a ansiedade e desespero que faz com que ela seja menos do que a “melhor”. Talvez seja apenas porque ela não é muito boa. Talvez seja porque sua vida pessoal se encontra em desordem...

Seja qual for o motivo, é difícil lidar com os problemas da Rory. Gilmore Girls também tinha esse problema, onde apesar de sua escola preparatória e etc, Rory experimentou obstáculos pessoais relacionáveis envolvendo amor e amizade, e esperanças e medos pelo que existe no mundo real. Mas, uma vez que começou a se concentrar em sua futura carreira no mercado editorial, foi mais difícil extrair histórias interessantes disso. Existe algo menos identificável na Rory, a jornalista frustrada, do que na versão dela que estava tentando se relacionar através do amor e da amizade.

Lorelai ainda está tentando lidar com essas coisas, e “Spring” se sai melhor por isso. Ela e Emily estão cumprindo a promessa de tentar a terapia conjunta, e isso resulta em algumas cenas bem editadas que conseguem trazer pedaços muito bons de comédia. Essas cenas reformam muito terreno que Gilmore Girls já percorreu, mas o pacote é novo. Kelly Bishop e Lauren Graham têm faíscas e as forças pra conseguir isso, e suas disputas e confrontos são sempre atraentes.

A versão da Lorelai se debatendo é muito mais interessante do que a versão “dez anos depois” da Rory. Há uma sensação de que depois do que aconteceu com o Richard, daquele jeito tão de repente, Lorelai está preocupada em perder as pessoas importantes em sua vida sem aviso prévio. É o que a torna tão apta a manter a cozinha da Dragonfly limpa pra preservar a ficção de que a Sookie pode estar voltando; é o que a preocupa que Michel esteja ficando inquieto e sujeito a sair da pousada, e isso a faz internalizar a advertência da Emily de que, sem uma aliança de casamento, Luke e Lorelai são apenas “companheiros de quarto” sem estabilidade.

A ironia é que os esforços da Lorelai pra ficar com a terapeuta e resolver alguns desses problemas, apesar da Emily ter fugido, é algo que cria alguma distância entre ela e o Luke, já que ela mente pra ele sobre as sessões. Luke mente sobre se realizou, com a Emily, o último desejo do Richard de que ele franquiasse a lanchonete a fim de fornecer segurança pra Lorelai... Já sabemos o que causou a esses dois o negócio de esconder segredos, omitir informações... Mas fico na torcida pra que siga um caminho diferente dessa vez. Tô curioso pra onde vai.

Agora, a abordagem da vida pessoal da Rory é meio decepcionante. Não tô ofendido pela Rory não apenas trair o namorado com o Logan, ou ajudar o Logan a trair sua noiva, ou por ter passado uma noite com um Wookiee. Afinal, não seria a primeira vez que ela trocaria um namorado perfeitamente amável por um “bad boy”. Mas eu não curto essa ideia. Terminei Gilmore Girls amando o Logan, e tendo a certeza que, de qualquer um dos namorados da Rory, ele era o que fazia mais sentido com ela, mas esse negócio de ser “amante” não me desce de jeito nenhum.

Portanto, a melhor parte da Rory em “Spring” vem quando emparelham ela e Lorelai, e recapturam um pouco da magia mãe-filha. Rory nunca se sente mais identificável do que quando diz à mãe que se sente perdida, e recebe da Lorelai um conselho gentil, mas firme, pra lidar com a situação. Talvez seja a química das atrizes, ou apenas o fato de que alguém diz a Rory, sem julgamento, pra se preparar e enfrentar seus problemas de frente, mas funciona melhor do que qualquer uma das outras cenas dela no episódio.


Episodio 1x3 - Nota 7 2016-11-26 12:06:05

Adorei o incentivo que Jess deu pra Rory sobre o livro e seria maravilhoso mesmo. As Gilmore viveram coisas demais, sabemos que é uma história e tanto. Pena que a Lorelai não aceitou isso muito bem e ainda por cima brigou com a filha. Odeio quando isso acontece e foi dentro do cemitério, a poucos metros do túmulo do Richard. Wow.

Mas também entendo a Lorelai ter tido esse receio ao ouvir a ideia pela primeira vez. Porque realmente, é toda a vida dela e ser exposta assim... Não é só pelo o que a Emily vai pensar. Eu acho que ficaria com medo também.

Pois a bomba veio mesmo pra Lorelai e Luke e fiquei chocado com a agressividade verbal da discussão que eles tiveram na lanchonete. Mesmo Lore tendo errado MUITO ao não contar sobre a terapia, acho que o Luke deu uma exagerada com tudo aquilo que ele disse. Lorelai foi meio que humilhada e nem tudo o que ele afirmou é verdade – ela queria tentar fertilização in vitro, ele disse que não e ela não mexeu mais no assunto, por exemplo. Além disso, tô impressionado com o quanto Lorelai anda meio perdida. Junta o fato de ter perdido o pai, mais o fato de ter se afastado da Sookie (mesmo que intencionalmente), mais o fato do melhor amigo estar indo embora, e agora mais o fato de não conversar apropriadamente com o companheiro.

Por isso, espero que essa viagem que ela quer fazer seja boa para colocar mesmo as ideias no lugar e decidir qual é o próximo passo. A Dragonfly é o sonho da vida dela, mas acho que Lore está dentro da zona de conforto por tempo demais. Creio que é hora de ousar um pouquinho.

Quanto ao plot da Rory com o Logan: eu tô meio perdido com tudo. Parece que a Amy realmente ignorou a sétima temporada da série e fez Rory esquecer o problema que foi quando se relacionou com o Dean casado. Logan queria casamento, era nitidamente apaixonado por ela (e ainda é, dá pra notar), mas esse negócio de ambos estarem sendo amantes é algo que incomoda. De todos os namorados que ela teve, sempre serei Team Logan e por isso torço pra ele terminar esse noivado e ficar com ela. Ou então, que parem de se encontrar de vez. Rory não precisa disso.

Já sobre o plot profissional: gostei da Rory salvando o jornal e se esforçando no trabalho. E não acho que seja furada ela estar perdida na vida, porque é isso que acontece mesmo. Ela fez jornalismo e agora não está encontrando muita paixão na área. Quer coisa mais natural que isso?

Só pra ressaltar: achei as cenas do musical desnecessária e longa demais. Fiquei com muito sono.

Episodio 1x3 - Nota 7 2021-12-09 13:49:52

Esse é de longe o episódio mais fraco de tooooda a série. Tivemos coisas aqui que foram RUINS mesmo, em vários níveis, de várias maneiras. Muitas coisas sem graça e em grandes porções, já que é um episódio de 90 minutos. Personagens principais sendo horríveis uns com os outros, e tudo isso jogado na tela no mais alto volume. Eu sempre gostei muito da excentricidade de Stars Hollow. Só que as coisas envolvendo a cidade em si sempre foram um acompanhamento, algo em segundo plano pra histórias mais significativas. Em “Summer” não é assim, na verdade essa excentricidade acaba sendo o centro de tudo, e sinceramente, não funciona.

A comédia aqui é óbvia e sem graça em quase todas as formas. Alguns momentos são bons, dá pra rir um pouco com o “Stars Hollow: The Musical”, do chato do Taylor reencenando Who’s Afraid of Virginia Woolf... Mas são pequenos momentos, pontuais, e a coisa toda dura tempo DEMAIS. Esse arco é precedido por uma reunião monótona com uma piada de ar-condicionado barulhento, e é seguido por uma chatíssima reunião de comitê. O Taylor nunca foi muito engraçado, mas o esforço de fazer isso aqui sai totalmente pela culatra. Ainda temos aquelas gags repetitivas da “gangue dos trinta e poucos”. Também as conversas intermináveis e sem graça das Gilmore girls onde elas julgam as pessoas na piscina – os comentários gordofóbicos me deixaram realmente chocado. E a maneira como Lorelai e Rory dão ordens a uma dupla de alunos do ensino médio como se isso fosse divertido, em vez de ser tratado como uma atitude egoísta e abusiva. Nada disso é engraçado. A única coisa que funcionou pra mim foi a sequência com These Boots Are Made for Walkin’, que conseguiu empregar um pouco de humor visual em vez do humor verbal que normalmente é o forte da série, mas mesmo aqui, debates sobre “lado leste e oeste” é o tipo de humor que só me faz revirar os olhos.

Há coisas mais interessantes que acontecem em “Summer”, mas na maior parte, parece que Gilmore Girls quer que esse seja o episódio de alívio cômico, com uma dose de loucura antes que as coisas fiquem mais sérias na finale.

“Summer” encontra cada uma das Gilmore girls se sentindo perdidas. O mais breve desses arcos é o da Emily, mas também é o melhor. Gosto da sensação de que ela não está sendo ela mesma, mas em vez de tentar doar todas as coisas, ou manter aparências, ela está apenas “vagando”, dormindo até o meio-dia, e parecendo desconectada do mundo. Ray Wise surgindo como seu novo pseudo namorado é repentino, mas ok, acho que dá pra relevar. O confronto entre Emily e Lorelai, que pra mim sempre rende cenas incríveis, é mal calibrado e, embora Emily muitas vezes possa ser cortante ou farpada, não tenho certeza se ela já foi tão fria como quando joga na cara da Lorelai sobre ela e o Luke não serem “parceiros”. Talvez a gente possa atribuir isso a Emily ainda estar em um lugar emocionalmente complicado, mas não deixa de ser um tom incomum de crueldade por parte dela.

Falando em crueldade, temos o arco da Rory. Ela ainda está se debatendo e perdendo os frágeis pilares de vida aos quais ela estava se agarrando antes: a parte romântica, onde a noiva do Logan se mudou, e agora o namoro deles não pode prosseguir, e é realmente difícil se sentir mal por ela sobre isso, já que ela está sendo a “outra mulher” em um futuro casamento, e de quebra, ainda trai o próprio namorado. A parte profissional, depois que Rory decide se tornar editora do Stars Hollow Gazette, cujo editor convenientemente acaba de se aposentar, é uma desculpa pra mais piadas ruins e nada sai disso além de uma participação do Jess que dá o discurso óbvio de “escrever sobre o que você conhece”, e sugere que ela escreva um livro sobre sua vida.

Isso leva à terceira parte desse arco, em que Rory decide que quer escrever sobre sua vida com a mãe, e Lorelai fica desconfortável com isso. E então vemos Rory em um de seus piores momentos, decidindo ignorar o “não” da mãe e declarando que “tem que fazer isso”, sem qualquer consideração pelos sentimentos da Lorelai, sem se importar com a dor e o desconforto que essa ideia está causando à pessoa que fez mais por ela do que qualquer outra pessoa no mundo. Não tenho certeza se já vimos Rory agindo desse jeito tão mimado e mesquinho do que quando Lorelai diz que quer que sua vida continue privada, e ela não pode ou simplesmente não vai respeitar esse pedido. Eu entendo que ela esteja desesperada e isso talvez justifique esse comportamento, e é bom ver a Lorelai se impondo, mas a escrita aqui acaba sendo exagerada demais.

Falando em desespero, a própria Lorelai se encontra em apuros emocionalmente. Ela mais uma vez encontra sua vida mudando de maneiras que ela não gosta e não pode controlar, agora por Michel anunciar que vai trabalhar em Nova York. A conversa deles no bar secreto é a melhor cena do episódio, porque é uma das poucas em que os personagens agem como seres humanos reais. Michel se desculpa e se mostra sensível, mas menciona o fato de que ele é bom no que faz e quer mais, e Lorelai fica magoada por perder outra grande parte de sua vida. É o tipo de decisão difícil, mas compreensível, que coloca duas pessoas que se preocupam uma com a outra em lugares diferentes. Esse é o “bom drama” que falta nos outros núcleos aqui.

Se ao menos esse fosse o caso pro restante do arco da Lorelai. Existe uma ideia de que ela e o Luke mantiveram suas vidas separadas todo esse tempo, mas que só foi anunciado de verdade agora. Uma impressão de que os dois eram um casal, marido e mulher, mesmo sem a papelada oficial, mas aí com a revelação de que eles não compartilham finanças e fazem questão de deixar seus mundos separados... É tão improvável e tão fraco, incompreensível mesmo. Fora que é muito conveniente que a Lorelai ouça uma música que vai ao encontro de seus sentimentos exatamente quando o episódio precisa que isso aconteça. Simplesmente não faz sentido, é artificial demais. Lauren Graham é tão grande e talentosa como atriz que ela quase salva esse desastre todo apenas com a reação, mas não dá realmente pra escapar de como esse momento foi mal construído.

E então ela decide fazer uma longa caminhada por uma trilha. Isso de forma alguma parece algo que a Lorelai Gilmore faria em resposta aos problemas. Talvez ela estivesse apenas lendo “Livre” e enfiou na cabeça que isso é um tipo de solução, e eu acho que ela é impulsiva o suficiente pra simplesmente mergulhar em algo assim, mas não parece a forma como ela reage às dificuldades, ou como ela reagiria mesmo se estivesse em um ponto desesperador. O resultado é esse: ela embarca nessa jornada por poucos motivos. Ela “só precisa ir”, que é a desculpa mais barata do mundo pra uma grande aventura dramatizada na TV.

Sei lá... Quando assisti pela primeira vez eu achei esse episódio fraco por conta do teatro do Taylor. E isso ainda é um GRANDE motivo pra tornar esses 90 minutos maçantes e sonolentos, mas os problemas vão além, tornando alguns personagens desagradáveis, outros cruéis e outros sem sentido, tudo isso envolto de uma comédia sem graça e que em NADA parece a escrita habitual da série. É quase uma conquista um feito desses depois de 153 episódios originais nas costas e quase uma década separando uma temporada da outra, mas basta dizer que Daniel Palladino conseguiu. Ele fez um episódio privado de risadas, privado de sentimentos positivos, e privado de qualquer coisa que faria você querer continuar assistindo, se esse for o nível de qualidade do que vem a seguir.

Episodio 1x4 - Nota 10 2016-11-26 12:27:34

Assim como aconteceu lá no 7x22 de Gilmore Girls, eu fiquei entalado quase que o tempo inteiro com o desfecho de A Year in the Life. Esse “um ano” que acompanhamos da vida dessas meninas não foi o suficiente pra saciar a saudade, mas deu pra compensar e foi lindo de ver! Tirando uma ou outra storyline que me deixou com pé atrás, o saldo final é absolutamente positivo.

Primeiro, começando pela BOMBA do final: fiquei em choque e arrepiado até a alma. Seria bom se tivéssemos uma segunda temporada pra dar segmento, mas não é realmente necessário. O ciclo se repete. Por isso Rory quer escrever o livro. Por isso Rory foi atrás do pai pra saber como ele se sentiu por ter sido “deixado de lado” na criação dela – embora ele não tenha feito muito esforço pra estar lá. Rory está grávida do Logan (nitidamente) e pretende criar o filho exatamente como Lorelai fez com ela. E eu achei isso LINDO, de verdade. A vida dá voltas e a série sempre foi sobre isso: VIDA, relações familiares, amizades. Entregaram tudo isso com esses quatro telefilmes e honraram Gilmore Girls apropriadamente.

O que me incomodou: Logan não é esse irresponsável que deixaria Rory na mão – e pelo o que deu pra entender, ela não pretende contar pra ele tão cedo. Como comentei no episódio anterior, nitidamente Amy decidiu ignorar a sétima temporada. Porque Logan fazia tudo pela Rory lá. O relacionamento deles acabou porque ela não quis se comprometer. Ele queria casar, ora! E claro, todo o plot “amantes” que não me desceu. Mas foi.

O casamento que Kirk preparou pra Lorelai e Luke foi MUITO LINDO. Fiquei realmente emocionado e espero que eles encontrem a felicidade plena – que já possuíam, mas agora elevaram a relação. Lorelai estava lindíssima e Luke também.

Falando em Lorelai: não segurei as lágrimas na cena da ligação pra Emily. QUE LINDO, GENTE. E que forte. Adorei que a ausência do Richard foi sentida em todos os episódios e que os atores conseguiram passar isso para o público – principalmente a Kelly Bishop, que de entrega à Emily de uma maneira maravilhosa e exalou força nestes quatro episódios, apesar de estar fragilizada ao mesmo tempo. E claro, fiquei muito contente por elas terem conseguido se entender, por fim. À maneira Gilmore de ser. A última cena da Emily foi linda!

Sobre o Jess: eu acho que nunca vou conseguir olhar para uma possível relação dele com a Rory com os mesmos olhos de quando ele entrou na série, por conta do desenvolvimento horrível que fizeram para a aproximação dos dois. No entanto, eu gosto do personagem como pessoa e ele amadureceu de uma forma maravilhosa ainda na série original. Por isso fiquei decepcionado com esse final que deram pra ele: sempre apaixonado por Rory. Ele merecia ter algo mais definido e centrado que isso.

De qualquer forma, foi um desfecho satisfatório, além de ter sido um deleite retornar à Stars Hollow. Quem sabe, um dia, iremos rever essas pessoas em novas histórias mais uma vez. Amo.

Episodio 1x4 - Nota 10 2016-11-26 12:51:28

Por isso que é tão frustrante. Esse Logan que vimos no Revival não é desse tipo (uma vez que ele decidiu seguir em frente com o noivado mesmo estando apaixonado pela Rory). Eu gosto muito da Amy e do tom que ela dá para a série, mas que errou a mão nesse plot em geral, errou. E feio!

Episodio 1x4 - Nota 10 2021-12-10 13:59:50

Já passamos por revivals suficientes nesses últimos anos pra conhecer as dificuldades que eles enfrentam. O cerne de uma boa narrativa é a mudança; personagens e suas circunstâncias precisam evoluir pra serem significativos. Mas os revivals são, em sua essência, sobre “voltar pra casa”. Se um filme ou série é popular o suficiente pra ser ressuscitado, os fãs vão querer ser imersos naquilo que conhecem e amam, e não confrontados com algo desconhecido. Revivals têm que enfrentar o impulso inerente de tentar contar boas histórias, o que significa ajustar o status quo, dando ao público aquela sensação calorosa de retorno, que exige uma certa dose de êxtase.

Essa expectativa parecia ter acabado pra Gilmore Girls quando Edward Herrmann faleceu. Nunca saberemos como seria “A Year in the Life” se Herrmann estivesse vivo e pudesse participar. Richard Gilmore, embora limitado a “participação especial” nas temporadas originais, sempre foi uma parte central da composição emocional e familiar da série, e é impossível saber como esse revival poderia ter sido diferente com ele lá. Mas se existe uma fresta de esperança em sua morte, é que forçou Amy Sherman-Palladino e Gilmore Girls a enfrentar a mudança, com o tipo de perda que pode provocar dúvidas em uma pessoa, abalar totalmente sua vida, e deixá-la mais do que um pouco perdida. “Fall” é, em parte, uma homenagem a Richard e a Herrmann, mas é também uma história sobre como as Gilmore Girls enfrentam a sensação inevitável de mudança que sua morte trouxe, e é o que torna “A Year in the Life” não apenas um revival digno, mas um final adequado pra série.

Isso acontece em um momento de pura catarse quando Lorelai, frustrada com seus esforços pra imitar “Livre”, olha pra natureza e consegue o grande momento de epifania e compreensão que ela esperava. Ela liga pra mãe, que está na cama no meio do dia, e conta uma história sobre o Richard, a história que ela não conseguiu contar no funeral, o tipo de história que Emily precisava ouvir. É sobre receber amor quando se espera um castigo, sobre a capacidade de se recuperar após se sentir abatido e perdido, com o abraço daqueles que se importam com você, e sobre a forma como, por mais que existisse distância entre Lorelai e Richard, ele era o pai dela, e ela a filha dele, e ela vai carregar a bondade dele pro resto da vida. É um monólogo longo, emocional e literário que Lauren Graham interpreta com sagacidade e emoção, e junto com o sincero “obrigada” da Emily, fornece o ponto emocional crucial de “A Year in the Life”.

Pra Emily, essa é a última peça do quebra-cabeça, o catalisador e a garantia que ela precisa pra aceitar a morte do marido. A vida dela é o que ela e o Richard construíram juntos, e sem ele lá, essa vida não faz mais sentido. A lembrança da Lorelai é um sinal de que ela não precisa ser a pessoa que o mantém vivo, que Richard estará com as Gilmore em espírito, e possibilita o conforto que permite que Emily siga em frente com sua dor. E ela segue em frente de um jeito maravilhoso! Existem poucas cenas na série tão gratificantes quanto assistir Emily falar “bullshit” no DAR. Ela finalmente se encontra pronta pra mudança. Pronta pra vender a casa onde se tornou a Sra. Gilmore, pra comprar um antigo local de férias, pra cuidar dos empregados em vez de deixá-los cuidar dela, e pra começar o próximo capítulo de sua vida. Emily não quer esquecer o passado, mas não é mais incapaz de se movimentar sem ele e, finalmente, encontra um pouco de felicidade no meio da dor.

Pra Lorelai, isso a ajuda a perceber que o que ela quer não é mudança, mas estabilidade, mas que isso vai precisar de algumas mudanças pra acontecer. A história do Richard serve como um lembrete de que, mesmo quando você sente que tudo está perdido, há pessoas lá pra te reerguer. Lorelai quer preservar sua conexão com essas pessoas, e isso começa com o casamento com Luke. Pra ser sincero, acho um pouco estranho que os dois não tenham se casado antes, e a parte das “vidas separadas”, exposta no desastroso episódio anterior de um jeito constrangedor, parece algo tirado diretamente da 6ª temporada, não foi NADA fiel a quem Luke e Lorelai são. Mas por outro lado, isso é algo que pode ser relevado como uma desculpa pra entregar um pouco do calor que os fãs esperam em um revival.

Antes que a proposta de casamento da Lorelai aconteça, Luke tem um monólogo emocional, com seu apelo sincero de que ama e quer Lorelai em sua vida, não importa o que aconteça. Sempre existe uma força extra quando um personagem mais reservado emocionalmente como o Luke expressa seus afetos de forma tão clara. Ele declarando seu amor faz com que “Fall” seja uma história de duas pessoas ansiosas pra se agarrar uma à outra e encontrar uma maneira de consolidar seu vínculo, amenizando seus medos de que algo tão importante, único e especial pode simplesmente ser rompido abruptamente, do jeito que aconteceu com o Richard.

E Richard Gilmore também faz parte da história da Rory em “Fall”, a sensação da presença dele nesse arco gera muito da força emocional aqui presente. Como tem sido um fato durante a maior parte de “A Year in the Life”, o plot da Rory é a parte mais fraca, mas o livro proposto por ela dá uma desculpa pra revisitar rostos familiares. O reaparecimento do Dean é surpreendentemente excelente pro personagem, que lhe dá um “desfecho” melhor, e mostra mais maturidade e compreensão da parte da Rory do que qualquer outra coisa na série original. E a cena com o Christopher apresenta uma conversa que provavelmente deveria ter acontecido anos atrás, com respostas às perguntas legítimas da Rory que são compreensíveis e um pouco insatisfatórias, acredito eu que da maneira que respostas a perguntas difíceis devem ser. Essas são cenas reconhecidamente boas com figuras importantes, uma parte genuinamente significativa do episódio.

No final, esses momentos formam base pro livro da Rory que, além de afirmar sua independência do Logan, prova ser a coisa mais redentora sobre seu arco em todo o revival. “Estou escrevendo um livro sobre nossas vidas e vou chamá-lo de ‘Gilmore girls’” é um dos disparates mais extravagantes no estilo “Adoráveis Mulheres” de ser, e realiza duas coisas: primeiro, permite que Rory homenageie o avô e use um pedaço do que ele plantou nela. Quando ela retorna pra casa dos Gilmore, vê imagens de sua família sentada à mesa, senta-se na escrivaninha do Richard e sente a inspiração pra contar sua história, é maravilhoso. Em segundo, dá a Rory a chance de ser adulta com a mãe pela primeira vez. Tão petulante quanto seu acesso de raiva no cemitério, ela concretiza sua ideia do livro de forma madura. Ela dá à mãe um rascunho dos primeiros capítulos, com a esperança de que seu entusiasmo e intenções impressas deixe Lorelai mais à vontade com a ideia, e com a ressalva de que, se ela não gostar, jogará tudo fora. Aí está a raiz das boas intenções, a sensação de que a vida da Rory com a mãe é a coisa que ela mais gosta e valoriza, e as duas se unindo, reafirmando a confiança entre elas, é daqueles momentos calorosos que nós precisávamos ter. É um pouquinho decepcionante que Rory esteja com dificuldades pra ganhar a vida no jornalismo, talentosa como é, e então decida que vai entrar no mundo das memórias de não-ficção. Mas é eficiente por completar um arco de anos sobre Rory crescendo e fazendo escolhas adultas, conscientes e satisfatórias pra ela como pessoa.

E isso dá a Lorelai mais um ponto de fechamento, só que não acabou. Um asilo de idosos está fechando, e isso vai permitir que ela expanda a pousada, mantenha Michel e encontre o equilíbrio entre a estagnação e a mudança que tanto a iludiu e frustrou até agora. Claro, é um pouco conveniente que a “expansão” fique disponível quando deveria ficar disponível, e da mesma forma é um pouco clichê que isso se torne base pra Lorelai e Emily terem outra conversa do tipo “você precisa de dinheiro”, mas responde a uma pergunta que Lorelai esteve perguntando desde que “A Year in the Life” começou.

A questão é como Lorelai pode deixar as coisas mudarem, deixar as coisas evoluírem, enquanto ainda se apega ao que é importante pra ela. Você percebe que Lorelai ama sua vida em Stars Hollow, que ela é grata por tudo o que tem, mas se sente presa – indo bem, mas sem ter pra onde ir. Essa expansão da Dragonfly é o último passo, algo que permite que ela mantenha Michel, possibilita um retorno triunfante da Sookie, e fornece o tipo de segurança e crescimento que Richard queria quando deixou o dinheiro pro Luke franquiar a lanchonete.

“Fall” termina com uma provocação de que o ciclo de Gilmore Girls vai recomeçar, mas também com uma bela montagem, dedicada ao amor e às conexões que sustentaram Emily, Lorelai e Rory por um período difícil, que começou com a morte de um homem que todos elas amavam de maneiras diferentes. É o final feliz pra Luke e Lorelai que a série original tentou fazer acontecer, e não teve tempo pra desenvolver. E mostra o vínculo entre mãe, filha e neta, envolvido pela música, pelas luzes, pelas lembranças do que veio antes e pelas esperanças do que pode vir.

“A Year in the Life” foi um ano de transição pra cada uma das Gilmore Girls. Ao final do revival, cada um retorna a algum estado de paz, alguma satisfação com o lugar onde estão, e com esperança pelo que virá a seguir. Mas antes que possam chegar lá, cada uma precisa enfrentar a incerteza, as dificuldades públicas e privadas, e o modo como as coisas nunca serão como eram antes. Há muito o que lamentar com a morte de Edward Hermann, e as necessidades da arte serem muito reféns das necessidades e da dor daqueles no mundo real que perderam um ente querido. Mas em seu ato final, Gilmore Girls evoca a presença do ator e do Richard, tornando sua ausência o ímpeto pra tantos sentimentos à deriva em Emily, Lorelai e Rory, mas também fazendo de sua memória a fonte de força que as permite superar esse sentimento, acalmar todos esses medos e abraçar, cada uma à sua maneira, a necessidade de mudança.

Foi maravilhoso passar os últimos 6 meses na companhia desses personagens, com seus conflitos e aprendizados. Stars Hollow e seus habitantes são únicos e, mais uma vez, vou sentir muitas saudades de cada um deles.


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Felipe

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