Rides Upon the Storm- 1x6 - Episode 6 | 8.92 |
1x5 | |
Exibido em: 29-Out-2017
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"Meu Deus, por que me abandonou?"
A súplica de Jesus antes de morrer inquieta e angustia os crentes, do não-praticante ao mais rígido - e mesmo a quem encara todo o texto bíblico como mais uma das epopeias míticas da Antiguidade. É a face implacável do Deus do Antigo Testamento e traz um compasso para a referência mais bem construída na série até aqui, fazendo lembrar que esse Pai da Trindade santa é rigoroso e inflexível no seu planejamento. Ele se impõe, expulsa do Paraíso, persegue e amaldiçoa. E, quando seu Filho é santo, sem nenhuma falta, aceita seu sacrifício porque assim considerou viável e correto. O sacrifício do Filho é a prova de amor do Pai para com os demais pecadores, toda a humanidade, como se acredita na tradição judaico-cristã. E esse Filho se dispôs a tudo, resistiu a tudo, sabia o que o esperava... mas ainda é um filho suplicando a misericórdia de seu pai, que sabe como Todo-Poderoso. No meio da dor, o sentimento do abandono é absolutamente triste. Mas se por um minuto encararmos a história contada desse Deus, veremos um ser arquiteto, cheio das melhores intenções, que confiou a suas criaturas o melhor dos mundos. E evento atrás de evento essas criaturas o decepcionam, como na história de Sodoma e Gomorra tão nitidamente revivida aqui, em plena sexta-feira santa, em pleno dia do sacrifício maior. A convivência do criador e das criaturas é cheia de possessividades e expectativas. A relação entre Johannes e seus filhos é um espelho assustadoramente plausível de uma narrativa tecida há milênios e revivida em tantas relações familiares através deles. August parece saber exatamente a relação entre essas histórias, mas é o filho devoto que se desilude com o pai, mas não perdoa aquele que se rebela do modo como Christian acabou fazendo, como uma traição motivada por um sentimento de vaidade aliado a uma necessidade pungente de ser querido e admirado, de ser também um escolhido. Toda a história com o budismo, no fim das contas era uma repetição de outra narrativa milenar, a do filho preterido (e que vai muito além do mito que origina o argumento da série). Será mais um golpe no demasiado humano Johannes, embora não necessariamente uma surpresa, vaidoso pelo que pode fazer enquanto pastor e preso às consequências dos erros que desmoralizam sua potência.
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