Piloto Comentado - Hawkeye

Escrito por: Pedro Rubens

Qualquer investimento feito no setor audiovisual é arriscado. Em qualquer área que você for investir, sempre há o risco de dar muito certo ou de receber uma enxurrada de críticas. Há muitos anos a Marvel investe no seu Universo Cinematográfico, e desde o início de 2021 tem adentrado nas produções para streaming, basicamente ignorando as produções da Netflix e utilizando personagens dos filmes em temporadas para a TV.

Hawkeye, nova série da Marvel para o Disney+, conta a história da jovem Kate Bishop, trabalhando junto com Clint Barton, o Gavião Arqueiro dos Vingadores. Juntos, a dupla precisa lidar com A Gangue do Agasalho e ainda enfrentar os próprios dilemas, gerados a partir dos eventos dos filmes dos Vingadores.

Seguindo a estética natalina, a série não passa de uma grande colcha de retalhos de outras tantas produções que você vai identificando no decorrer do episódio. Isso não é de todo ruim, afinal é notório que a produção bebeu de fontes já consolidadas e que marcaram gerações. Eu, por exemplo, me senti vendo uma nova versão de Esqueceram de Mim mesclado com Um Herói de Brinquedo.

Mas não dá para defender os péssimos cortes entre as cenas, a falta de continuidade que algumas delas possuem, como as da personagem da Vera Farmiga. Cabeça se movimentando enquanto não tem ninguém falando é feio, Marvel, você já deveria ter aprendido isso.

Hawkeye infelizmente cai no limbo limbo de todas as outras séries da Casa das Ideias: não consegue se desenvolver por si só e precisa estar amarrada ao Universo Cinematográfico da Marvel.

Aqui, temos o desprazer de ver o esquecível Clint Barton e sua família, composta por uma filha que claramente sente falta do convívio com o pai, um filho caçula que não gosta de musicais e um mais velho que não tem muito tempo em tela. Mas é curioso, porque em apenas um episódio já dá para perceber que há uma tentativa de mudança no personagem, talvez tentando fazê-lo mais carismático ou minimamente legal.

Em contraponto, mesmo tendo sido traduzida como Gavião Arqueiro, a série é sustentada por Kate Bishop. Uma personagem brilhante, maravilhosa e indescritível vivida por Hailee Steinfeld. O que há de bom nessa série está nessa personagem e em todo o potencial que, desde o primeiro episódio, torna-se evidente.

Tratar uma personagem adolescente com seriedade, encarando seus fantasmas e ao mesmo tempo sem desacreditar dos seus sonhos, mostrando que é possível ser uma heroína sem deixar de ser humana, divertida, linda, charmosa e cativante é o ponto mais positivo de Hawkeye.

Se a Marvel peca por apostar numa série com um protagonista masculino fracassado, por outro lado acerta em investir em uma personagem que pode tornar-se uma das maiores e mais queridas do MCU. Graças a Hailee, o primeiro episódio consegue ser algo prazeroso de assistir e, unicamente por sua personagem e pela dinâmica com o Cachorro da Pizza, aka Lucky, talvez valha a pena prosseguir investindo na temporada.

Não fosse essa dupla, eu jamais veria uma série natalina protagonizada unicamente pelo Gavião Arqueiro!

Hawkeye entretém, diverte e pode até aquecer o coração, como toda boa produção natalina. Mas torna-se sem característica própria por reutilizar o roteiro de tantas outras produções cinematográficas e televisivas, outorgando o que todos nós já sabemos: a Marvel não sabe produzir séries.

Nota: 7.0