Escrito por: Pedro Rubens
Você já parou pra pensar em como algumas produções conseguem ter um ritmo muito acelerado, enquanto outras são mais devagar? Ambas as formas de contar histórias funcionam de forma eficaz, e por vezes até exercem influência no tom daquela produção. Mas é necessário saber dosar esse ritmo, existe uma certa “quilometragem” que não pode ser excedida para que haja o perfeito funcionamento da obra.
A convite do Looke, assistimos o primeiro episódio de A Lenda de Lady Ferrari, série russa que conta a história de dois agentes de inteligência, o jornalista Max Ermler e o poeta italiano El Ferrari. Ambos são espiões e têm suas histórias cruzadas por Elena Golubovskaya, uma mulher misteriosa.
Infelizmente a experiência de assistir o piloto é cansativa. A falta de ritmo faz com que a série torne-se um enfado, sonolenta e talvez isso até seja corroborado pelo roteiro se fundamentar demais em explicar o contexto em que a história se passa e muito pouco em apresentar os personagens.
A Lenda de Lady Ferrari inicia o episódio com uma cena de “perseguição”, onde espiões estão seguindo um ao outro. Pensando dessa forma você consegue imaginar uma cena grandiosa, mas não passa de atuações caricatas, com uma trilha sonora mais alta do que o necessário e sem vida.
Explicar o cenário onde alguma série está ambientada não é ruim, mas precisa ser uma construção que saiba dividir espaço com outras informações da produção: quem são os personagens? o que fazem? qual a ligação que tem entre si? Por mais que estejamos falando apenas do primeiro episódio, diante daquilo que aqui foi apresentado, não consigo criar expectativas de que no decorrer da temporada virão maiores explicações ou, pelo menos, uma narrativa interessante.
Eu poderia muito bem dizer que A Lenda de Lady Ferrari tem todos os arquétipos de produções da época em que tudo era preto e branco, com cenas longas, diálogos que por vezes tornavam-se cansativos, etc. Mas por outro lado eu poderia citar inúmeras produções desse mesmo período que são ótimas obras e que funcionam muito bem.
Por ser uma série de espionagem, talvez tenham optado por introduzir as informações aos poucos e avançar como se fosse uma constante investigação. Se esse foi o caso, A Lenda de Lady Ferrari se perde na própria proposta e cria um arco narrativo sem vida e desnecessariamente empacado.
Nota: 6.5