Escrito por: Ian Medeiros
O quão difícil é tentar fazer planos, quando estamos presos à eventualidades passadas? Seguir em frente é, provavelmente, uma das tarefas mais árduas que o ser humano tem que lidar e podemos ver isso claramente na nova adaptação do romance de Philipp Meyer, American Rust.
A série se passa na cidade de Rust Belt que fica no estado da Pensilvânia e em uma região onde o declínio industrial é bem pesado, então todos que moram por lá ou vivem contando os centavos para sobreviver o mês, ou só querem juntar um trocado para cair fora o quanto antes.
O protagonista Del Harris, estrelado por ninguém menos que Jeff Daniels (The Newsroom), é um chefe de polícia com um passado traumatico e que encontra um acalento em um romance com Grace Poe, personagem de Maura Tirney (The Affair), que faz o policial ter que tomar medidas não-éticas em prol de ajudar o filho dela a não perder o pouco que restou para o seu futuro.
Del e Grace estão envolvidos num triângulo amoroso juntamente com seu ex-marido Virgil Poe, vivido por Mark Pellegrino (Supernatural), um homem intimidador e que vive a beira da lei, que só precisou do piloto para mostrar que não vale nada e não choca por ser mais um macho escroto. Billy Poe (Alex Neustaedter), filho de Grace e Virgil, que aparece como um jovem que não superou seu ex-relacionamento, aparece também como o principal suspeito do assassinato que faz Del acobertar, mais uma vez, o filho da mulher que ama.
É difícil não comparar por exemplo com o drama policial de sucesso desse ano Mare of Easttown (HBOMAX), que nos aproximou dos dois seguimentos apresentados (drama familiar e interação com a investigação policial), mas American Rust traz uma perspectiva de protagonismo diferente e não fica muito atrás ao nos identificar com a tristeza que é tentar superar nossos problemas para tomarmos decisões certas.
Apesar da lentidão do episódio em fazer a gente se entrelaçar com os personagens, as atuações de Jeff e Tirney me envolveram em saber mais sobre esse grande drama familiar que interliga a cidade. O assassinato não me causou remorso nem curiosidade pelo simples fato do piloto não nos ligar a quem faleceu, mas deixa o cheirinho de “o que será que vai rolar?” a partir do momento que a gente nota que o chefe de polícia renúncia seu dever com a justiça para ajudar a única pessoa que o faz se sentir bem além das medicações que toma.
Nota: 7,5